"Ensinar" é como um ato de alegria, um ofício que deve ser exercido com paixão e arte. (Rubem Alves)

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Alfabetização - Jogos com Títulos de Livros

Alfabetização e Letramento de mãos dadas em atividades de leitura e escrita:

A leitura de capa não deve representar um fim em si mesma, pois a intenção desse tipo de atividade é promover a leitura de uma obra, na sua totalidade, despertando a atenção dos alunos para os livros. Trata-se de um momento de pré-leitura, em relação ao texto literário, que mobiliza o conhecimento variado da criança sobre o tema, gêneros narrativos, personagens, autores, etc. Por esta razão, estas estratégias para enredar o leitor na história só funcionam realmente se a professora ou o mediador de leitura possuir os livros em mãos — contrariamente, torna-se apenas uma seqüência didática destituída de qualquer significado na experiência infantil, servindo como um protocolo errôneo e banal.

Embora apresentadas como um jogo com títulos, as atividades visam a aprendizagem de estratégias de leitura e a verificação das habilidades desenvolvidas pelos alunos. Trabalha-se, dessa maneira, simultaneamente com conteúdos conceituais (como noções sobre as categorias da narrativa), conteúdos procedimentais (usar competentemente estratégias para produção de sentido) e conteúdos atitudinais (ler e posicionar-se criticamente frente aos indicadores de suporte, avaliar escolhas, etc.).

Seguindo os PCNs, estas são atividades de Linguagem Escrita - Leitura que vamos mesclar, em algumas das sugestões, com o processo de aquisição da escrita alfabética por parte dos alunos. São também, em algumas oportunidades, atividades de Linguagem Escrita - Produção de Textos.

Recursos materiais — Para a apresentação das capas, é possível reproduzi-las em transparência para projeção*; OU reduzir e imprimir as capas em uma folha-tarefa para ser entregue a cada aluno; OU ampliá-las em papel resistente, como um cartaz... Mas, se você não conta com recursos para esse tipo de produção de materiais didáticos, vale lembrar que: uma folha de papel dobrada, que esconda o título, também pode ajudar. Conforme o tipo de atividade (ver mais abaixo), os títulos podem também ser apresentados de diferentes maneiras: oralmente, escrevendo na lousa, produzindo cartões com os títulos escritos...

Onde foram parar os títulos?

Inicialmente, podemos expor o conjunto de capas às crianças e deixar que comentem de modo bastante livre. É necessário saber ouvir essas falas sobrepostas e entrecortadas de descobertas, com atenção a tudo o que diz respeito ao tema/personagem comum aos livros, às predições sobre o conteúdo das obras, à ausência do título.

O passo seguinte é a sistematização da "primeira leitura", realizada de forma imediata, espontânea e aleatória, com a professora organizando os turnos de fala de suas crianças, com perguntas que perfaçam um encadeamento lógico, unindo os diversos fragmentos dos comentários. De algum modo, É necessário chegar a certos denominadores comuns, através da negociação de sentidos que pode ser feita entre alunos e professora, ou criança a criança.

Tudo o que se refere à predição de conteúdos dos livros (o que irá acontecer em cada uma das histórias) não é relevante, pois entrelaça uma forte carga de imaginação à capacidade leitora.

Ao final, é preciso questionar a ausência dos títulos e quais seriam eles, no caso de cada livro, em particular. OBS. Se as crianças notam a falta dos títulos, isto é apenas uma constatação que tem, por pano de fundo, o conhecimento prévio de que todos os livros, modernamente impressos, possuem um nome em sua capa. Se é a professora quem precisa apontar que o título não aparece estampado, talvez, esteja ensinando algo ou fazendo aquela criança mais desatenta acordar ;-)

Um título para cada obra

A professora ou o mediador de leitura deve dispor dos títulos para seus alunos: esta é a única regra. Porém, as possibilidades aqui se abrem, conforme a etapa da aprendizagem que suas crianças atravessam. Ainda elaboram hipóteses sobre o universo das palavras, desenvolvem uma escrita silábico-alfabética, ou necessitam de um reforço para a correção ortográfica? As atividades subseqüentes podem ser apenas (1) de leitura, (2) leitura e cópia do título, (3) leitura e produção de texto (novo título).

Jogo com Título 1 — Com capas reproduzidas em tamanho grande e os títulos em cartões, pedir às crianças que escolham o título apropriado para cada capa. Em grupo, esta atividade considera a leitura coletiva e a produção/negociação de sentidos para atribuir a cada obra, um título pertinente. A função do professor não é corrigir as escolhas equivocadas, nem ficar apenas dando parabéns para os acertos. O que vale é pedir que os alunos justifiquem suas escolhas, a partir da leitura que fazem da ilustração. É possível exercitar, nesta experiência, desde a simples verificação de correspondências palavra/imagem, bem como recuperar elos de coerência entre o verbal e visual.











Os títulos podem ser apresentados/distribuídos, de momento a momento. Se empregar esta metodologia, a atividade vai sendo ampliada, quanto às sucessivas revisões que as próprias crianças vão realizando conforme recebem um novo título (que talvez venha a se encaixar melhor neste ou naquele livro, anteriormente já batizado). Neste processo, a reformulação de hipóteses torna-se um aprendizado.

Jogo com Título 2 — Depois de mostrar as capas ampliadas, uma folha-tarefa é distribuída para cada aluno. Na página impressa, o enunciado do exercício solicita à criança que leia os títulos apresentados em uma lista e os transcreva (copie) em cima das capas dos livros que "vê abaixo".











A leitura dos títulos pode ser silenciosa e a folha-tarefa servir como um diagnóstico para a professora verificar a competência leitora de seus alunos: o processo de decodificação, a cópia atenta, a compreensão do enunciado, à atribuição de sentido (ao juntar título e capa).

O ditado de todos os títulos é uma variação que possibilita averigüar a escrita ortográfica, ou mesmo em uma etapa anterior de aprendizagem, as dificuldades de correspondência fonema-grafema no momento de registro.

Jogo com Título 3 — A recolocação dos títulos nos livros é feita de modo coletivo, mas... de repente, fica um livro sem título! Oralmente, as crianças podem dar suas sugestões (sempre acompanhadas de alguma justificativa). Já entramos em uma atividade de leitura, acompanhada de produção de texto, pois a elaboração de um título implica na síntese dos vários sentidos que são recuperados pela leitura da imagem, em exercício de coerência (parte pelo todo).

As seis capas foram projetadas em uma tela e, na lousa, foram escritos os títulos:

Banho!
Com a maré e o sonho
Noel
O barco
Quando chove a cântaros
Um rio de muitas cores












Melhor ainda se o "livro sem título" for o escolhido para a leitura compartilhada, pois elaborações mais complexas e sugestivas podem acontecer após o conhecimento integral da história. Neste caso e muito mais, estaremos trabalhando com a capacidade de síntese das crianças, pois não se trata apenas da leitura da imagem da capa, mas de reduzir todo um enredo a um título. Não se trata, porém, de uma atividade tão simples, se levamos em consideração que o título deve ser capaz de despertar o interesse dos leitores, funcionando como um chamariz... A linguagem e escolha lexical devem ultrapassar o limite da referencialidade imediata, revelando uma compreensão mais elaborada (ou sutil) sobre a narrativa lida.

Se forem escolhidos e registrados títulos antes da leitura do livro, pode ser feita mais uma atividade de revisão/mudança dos títulos apontados pelas crianças. E, após, tudo isso, comparar o título dado pelo autor/editora. A análise que pode surgir daí diz respeito a escolha de palavras e a ênfase que é dada a um aspecto da narrativa — investigar e inventariar os diferentes sentidos que um título pode adquirir é realizar uma atividade de epilinguagem.

Fonte: Dobras de Leitura
Peter O'Sagae
2007 © Dobras da Leitura

Plano de aula - Leitura em Construção


Educação Infantil - 2º Estágio ( 5 anos )

Conteúdo: Prática de Leitura

Panela de Arroz, de Luís Camargo
il. do autor
Ática, 2000

Fonte: Dobras de Leitura
Atividade criada por
Luciana Ramalho Santana
e Ana Rosa Oliveira
Orientação e revisão:
Peter O’Sagae

No primeiro momento, a professora deve levar as crianças até a cozinha, dizendo a elas que estão indo naquele lugar para descobrir várias possíveis de construir com objetos que temos normalmente em casa.

Na cozinha, distribuir vários utensílios domésticos sobre a mesa e pedir às crianças que montem o que quiserem com aquelas coisas. È importante aqui o professor deixar as crianças livres para suas criações, pedindo apenas para que observem como podemos variar de construção, utilizando os mesmos recursos materiais.

Depois que as crianças fizerem suas montagens, a professora apresenta o livro Maneco Caneco Chapéu de Funil - não se esquecendo de dizer o nome do autor -, dizendo que agora irão descobrir outra maneira de utilizar aqueles utensílios da cozinha.

A professora lê a história, chamando a atenção para a maneira como o personagem foi construído, mostrando às crianças as ilustrações contidas no livro.

Lembre-se: as crianças desta faixa etária (5 anos) possuem a necessidade de envolver-se com o concreto das situações. Após uma conversa sobre as diferentes montagens com os mesmo utensílios de cozinha, a professora pode desafiar a imaginação das crianças, solicitando a elas que construam um boneco, até mesmo dar-lhe um nome. Com esta construção, os alunos podem relacionar essa vivência particular e o personagem descrito pela história.

2º momento

Depois da leitura de Maneco Caneco Chapéu de Funil, a professora fará uma preparação para se ler a segunda história de Luís Camargo: Panela de Arroz.

Professora e crianças formam uma roda. No centro, uma panela "normal" e junto vários recortes de janelas e portas. Neste momento, pergunta-se às crianças:
Para que serve esta panela?
Supondo que elas respondam que é para colocar comida:
Que tipo de comida?
Combinar com as crianças que a panela no centro da roda será desta ou daquela comida que eles falaram. Por exemplo, a panela poderá ser do feijão ou do macarrão - enfim, o que as crianças escolherem.

Feito este combinado, perguntar às crianças sobre o que se pode fazer com aqueles recortes de portas e janelas. Aqui a professora deve favorecer a discussão para que os próprios alunos concluam que os recortes podem ser colados na panela. Se as crianças não sugerirem, a professora sugere, deixando livre para as crianças concordarem ou não com essa atividade.
Depois de colarmos estas portas e janelas, a nossa panela ficou parecida com quê?
Supondo que respondam "com uma casa":
Se a panela ficou parecida com uma casa, e nós combinamos que é uma panela de (*nome do alimento escolhido por eles), de quem poderá ser a casa?
Então, a professora avisa que todos irão conhecer um livro que nos lembra a panela, ou melhor, a casa que construímos com a panela.

3º momento

Mostrar a capa do livro, fazendo as seguintes perguntas:
O que estamos vendo nesta capa?
Supondo que logo as crianças identifiquem a panela:
Será que ela também é uma casa como a nossa?
Qual o número que está na porta?
O que aparece bem perto da casa?
Supondo que respondam "um arroz":
Então de quem pode ser esta casa?
Pra onde o arroz está caminhando?
O que ele está usando? (Na cabeça)
O que será que ele vai fazer lá dentro com aquele chapéu?

Com estas perguntas, as crianças poderão antecipar a leitura de passagens importantes do texto, imaginando o que vai acontecer na história do livro. A partir dessas antecipações, chamar a atenção para o que vem escrito na capa:
Onde está o título do livro?
O professor então lê o título.
Quem será que escreveu?
Este autor já escreveu outro livro que nós já conhecemos?

Se alguma criança se recordar do Maneco Caneco Chapéu de Funil, neste momento, dizer que o mesmo autor que escreveu e ilustrou este livro.
Onde está escrito o nome do autor?
Com estas atividades, as crianças também lembram do primeiro livro e começam a perceber semelhanças entre os dois textos, quer na ilustração, quer no estilo do texto (o jeito de escrever do Luís Camargo).

4º momento

Permanecendo na roda, ler a história, mostrando as ilustrações. Com esta leitura as crianças interagem com o livro e percebem o ar de brincadeira que está na história.

No momento em que Maneco Caneco não consegue abrir a primeira porta, a professora pode aproximar cada vez mais o livro dos olhos das crianças para valorizar a ilustração, que vai aumentando seu foco a cada tentativa do personagem.

Quando chegar o momento da parlenda "UM, DOIS...", deixar que as crianças a completem e, diante das adivinhas, dar um tempo (breve) para que as crianças tentem adivinhar qual é a resposta.

No final dessa leitura compartilhada, perguntar às crianças (apontando para os números 1 2 que há na porta da panela, na última ilustração), o que elas acham que Maneco Caneco saiu cantando? Se elas cantarem juntos "um, dois, feijão com arroz", prosseguir a parlenda, caminhando pela sala e sentando em seus lugares.

5º momento

Em outra aula,
a professora reúne os alunos e diz a eles que irão recontar a história Panela de Arroz, com apoio nos desenhos. A professora vai mostrando as ilustrações e perguntando aos alunos o que acontece em cada cena, de maneira que eles relatem a história através destas imagens.

Nesta atividade, a professora deve ficar atenta e apontar as onomatopéias, fazendo perguntas do tipo:
O que está escrito nestes desenhos?
O que são toc-toc, blim-blem?
Dessa maneira, o aluno poderá notar que existe alguma relação entre o som e a representação gráfica, e como essa representação pode enriquecer as cenas/imagens.

Leitura em Construção - Plano de Aula

Série:
Ensino Fundamental - 1.ª Série - 2º bimestre

Conteúdo:
Língua Escrita – Prática de Leitura
Leitura de Capa de Livro

Rosaura de bicicleta, de Daniel Barbot
il. Morella Fuenmayor
trad. Ana Maria Machado
Moderna, 1998

Fonte: Dobras de Leitura
Equipe de Criação:
Eliane Fernandes de Lima
Vera Pereira de Oliveira
Revisão e Apontamentos Adicionais:
Peter O’Sagae

Os educandos, acostumados às atividades de leitura de capa de livro de literatura, responderão com tranqüilidade às perguntas propostas, a partir da primeira olhada sobre a capa de Rosaura de bicicleta, de Daniel Barbot:

Que animais aparecem na capa?
Como eles são?
Que pessoa está junto deles?
O que mais chamou sua atenção?
Por quê?
Quais as cores que mais se destacam?
Que impressões elas despertam em você?
E o desenho, como foi feito?
O desenho combina com as cores?

Professora,
mesmo que grande parte de seus alunos tenha facilidade para responder as questões, saiba que a repetição tem a função de rever e reforçar algumas estratégias de aproximação com o livro.

2º momento

A fim de verificar se as crianças estão "ligadas" na importância desse processo, vale arriscar:
Vocês realmente entenderam como se faz e por quê também devemos fazer a leitura da capa do livro?

Pois bem:
O livro tem título? Como ele está grafado?
Por que será que aparece em letras maiores?
Como são as letras das outras palavras?
Qual o nome do autor? Onde se localiza?
Quem ilustrou?
O que faz Ana Maria Machado?
O que significa "fazer a tradução"?
Então, é uma obra estrangeira?
Vocês já leram outros livros estrangeiros?
Aparece a editora? Qual?

O livro Rosaura de bicicleta foi publicado originalmente na Venezuela, em 1990. Essa informação deve ser compartilhada com seus alunos

3º momento

Antecedendo a leitura da narrativa, os alunos são convidados a formular hipóteses e inferir informações a partir da ilustração e de suas possíveis relações com o título, recuperando a leitura do primeiro momento:
O que os animais fazem em volta da mulher?
Será que eles participarão da história?
Por quê?
O que será que a galinha está fazendo empoleirada perto da mulher?
Que expressões têm a mulher e os animais que estão ao seu redor?

Professora, as crianças poderão comentar que os animais ouvem alguma história de sua dona e imaginem que todos participarão da narrativa pois estão presentes na capa do livro. A terceira questão pretende destacar os gestos da galinha, bico sorridente, asas abertas, como quem conta uma novidade - provocando o espanto à mulher... Essa relação entre as personagens deverá ser desvendada pelos alunos; é até mesmo possível que eles considerem a situação de surpresa diante do inusitado que seria ouvir uma galinha falar.
Vamos ler o título da história...
Rosaura é nome de gente?
A mulher que está sentada será a Rosaura?
Por quê?

Trabalhando na relação do título com a imagem, não se preocupe em estabelecer a correspondência do nome com a personagem penosa. Este é um momento de provocação - não de confirmação das hipóteses construídas.
"Rosaura de bicicleta" ou "A bicicleta de Rosaura" quer dizer a mesma coisa? Por quê?
Escreva o título original e o alternativo na lousa, pedindo para as crianças explicarem os efeitos de sentido que são capazes de perceber. Nesse trabalho, deve-se evidenciar os modos de dizer - que, em lugares diferentes, as mesma palavras dotam um texto de sentidos diferenciados.

Na opinião da classe, qual o título mais curioso, o mais interessante, o mais previsível, ou o modo mais corriqueiro de dizer? E qual seria a intenção do autor optando por uma forma menos usual? Para auxiliar essa atividade de análise e reflexão sobre a linguagem, bastaria pedir que as crianças imaginem (antecipar) o que poderia conter uma história com um ou outro título.

Leitura em Construção - Plano de Aula

Conteúdo:
Língua Escrita – Prática de Leitura
Texto Narrativo em Livro de Imagem

Filó e Marieta, de Eva Furnari
– coleção Lua Nova, série Imágica (Paulinas)

Série: Ensino Fundamental - 1.ª Série ou Alfabetização


Fonte: Dobras de Leitura
Equipe de Criação:
Adelaide Erci Müller
Adiles Magrineli
Claci Durigon de Mattos
Janice Andreis Masson
Jaqueline Durigon
Revisão e Apontamentos Adicionais:
Peter O’Sagae

Objetivos Gerais

Espera-se que o aluno seja capaz de:
ler imagem e seqüência de imagens
identificar e descrever personagens
reconhecer os indicadores de suporte (capa)
reconhecer e distinguir palavras escritas (título/autor)
inferir e antecipar a continuidade da narrativa
depreender elemento de humor

A professora avisa as crianças que irão fazer uma atividade de leitura de um livro de imagens e já pergunta:
quem presta atenção na capa dos livros que lê, como são feitas as capas de livros e que informações nelas são encontradas?

Como o conhecimento solicitado se alimenta da memória e dos hábitos de leitura dos alunos, o professor poderá ainda questionar:
como costumam aparecer escritos o título da história, o nome dos autores (ou de quem escreveu e de quem ilustrou), nome da editora - com letras pequenas, grandes, coloridas, no centro, em cima, em baixo, etc.?

Professora, esta parte da atividade mobiliza o conhecimento que os alunos têm a respeito dos livros e de sua feitura. Uma conversa sobre porque devemos prestar atenção nessas informações pode ser promovida com a intenção de que as crianças construam hipóteses sobre a formação de um repertório de leitura mais apurado - por exemplo, a autoria é um cotexto relevante (até mesmo decisivo) para a escolha de um livro, motivando o interesse com que será feita uma leitura.

Afinal, como é que podemos escolher um livro para ler? As crianças podem até responder: pelo número de páginas, tamanho do livro, se possui ilustrações, letras grandes, etc. mas cabe ao professor assegurar que também escolhemos um livro pelo nome de quem escreveu, ou de quem ilustrou, ou da coleção...

OBS. Vale até mesmo verificar se todas as crianças sabem o que é um livro, se já viram algum livro de imagem, onde viram, quando viram, se alguém leu para elas, o que acharam... Naturalmente, o encaminhamento deste primeiro momento poderá ser feito em várias oportunidades de leitura, não de um modo excessivo, dependendo então da constância com que você leva livros para sua classe

2º momento

Com o livro em suas mãos, a professora dá início ao processo de leitura do livro de Eva Furnari, Filó e Marieta, pedindo para às crianças que localizem e apontem onde estão escritos o título da obra e o nome da autora.
Quem sabe ler o nome da história?

Lendo em voz alta, a professora passa o dedo sob as palavras - vai dando destaque ao título, primeiramente, confirmando com as crianças que está escrito em letras grandes e azuis, escrito assim para chamar a atenção; ao ler o nome da autora - Eva Furnari - indague sobre o que será que ela fez (inventou e desenhou a história).

Quem conhece Eva Furnari? Já leram outros livros desta autora? Quais?
Fale a respeito da série Imágica (Paulinas), à qual o livro Filó e Marieta faz parte. Indique o nome e o logotipo da editora

3º momento

Em seguida, a professora questiona sobre o que aparece na ilustração da capa: os alunos deverão descrever personagens, relacionando imagem com o título da obra. Enfim:
Quem é Filó e quem é Marieta?
Como a Filó está vestida?
E a Marieta?
Qual a cor do cabelo delas?
Alguém já viu gente assim?
Quem será que são elas?
O que elas vão fazer?

Os alunos poderão já ter declarado que Filó carrega um presente, escondido às costas - sem que Marieta consiga ver o embrulho. É necessário que se construa o sentido da cena.

4º momento

A professora passa, assim, a trabalhar com as hipóteses sobre o que Filó e Marieta vão fazer, solicitando às crianças que expliquem como puderam "adivinhar" o que vai acontecer. Mantenha sempre uma postura de desconfiança, dialogando sempre:
Será que é isso mesmo?
Como você sabe?

Deixe que elas falem, negociem os sentidos que captaram com a leitura da ilustração. É preciso, no entanto, estar atento para os índices (detalhes da imagem) que serão apontados pela classe.

Acompanhe a(s) leitura(s) dos alunos. Muitas perguntas, do breve roteiro abaixo, serão respondidas sem que você se pronuncie abertamente - então, use-as somente para orientação ou verificação de como a leitura foi construída.
O que é que a Filó está escondendo?
Uma caixa? Um embrulho? Um presente?
Por que é um presente?
Para quem é esse presente? Por quê?
Ela vai dar um presente para Marieta?
E por que Filó esconde?
A Marieta sabe que vai ganhar presente?
Por quê?

As duas últimas perguntas, acima, parecem essenciais para compreender "a surpresa" - o fato de Marieta não saber que ganhará um presente de sua amiga. Retomar, se necessário, a figura de Filó com o embrulho às costas, seu sorriso maroto, etc. Abaixo, novas questões permitem sugestões mais livres (mas tenha em mente que o processo de leitura que você está construindo com seus alunos não pode deslanchar como jogo de adivinhação):
E o que será que tem dentro da caixa? O que vocês imaginam?
__ Para a gente ter certeza,
o melhor é ler o livro, não é mesmo?

5º momento

Depois de feita a leitura da capa, e tendo mostrado a página de rosto do livro Filó e Marieta - podendo frisar a presença dos elementos cotextuais -, a professora lê o texto que vem estampado na segunda página:
Marieta estava só
Sem saber o que fazer
Vem Filó com um presente...
__ Ih, meu Deus!
O que vai acontecer?
Desde modo, o movimento de inferir e atribuir sentido às imagens será confirmado - por parte da professora, dispensam-se "grandes" explicações: por si mesmas, as crianças confirmarão se souberam ou não reconhecer as personagens.

Durante a "condução" da leitura, é recomendável que a professora permaneça, o máximo possível, de boca fechada... assim permitirá que as crianças façam realmente a leitura. Vez ou outra, perguntar "e aí?" - de tal sorte que será natural as crianças lerem as imagens em voz alta, externando e compartilhando o que decodificam e compreendem da seqüência das ações.

Virar a página, no momento mais apropriado, quando a leitura esteja quase se esgotando. Professora, mantenha atenção.

6º momento

Após a leitura de Filó e Marieta de Eva Furnari, comece conversando sobre o que os alunos acharam da história; perceba como se dá a compreensão, se as crianças conseguem retomar as principais relações de causa e efeito que geram expectativa e humor. A conversa pode ir fluindo de maneira espontânea, para que todos possam expressar o entendimento que tiveram da obra.

Procurando estimular ou desafiar a competência das crianças, a professora poderá convocar alguns alunos para recontarem toda a história do começo ao fim.

Em geral, espera-se que a contação revele a leitura individual de cada aluno, a fim de verificar a assimilação da narrativa, seus momentos principais bem como o reconhecimento do tema. Não é necessário convocar toda a sua classe, outras leituras de livro de imagem poderão ser realizadas ao longo do período letivo!

Com a ajuda das imagens, a criança deve manter-se fiel ao texto narrativo (não se trata de um exercício de criatividade, assim não é hora para inventar novos episódios ou outra história, etc.). Exige-se o reconhecimento e a reprodução, em paráfrase, de toda a seqüência narrativa, atenção às características das personagens - por isso, nessa estratégia, os alunos contarão a história com as imagens do livro em mãos.

Lembre-se você que o espaço apresenta-se indeterminado, mas o tempo corresponde ao dia do aniversário de Marieta. Se, em nenhum momento, as crianças conseguirem identificar quando a história acontece, cabe a professora dizer, assim que for oportuno.

Boa diversão, para você e suas crianças!